segunda-feira, 1 de novembro de 2010

silêncio molhado

a água escorria por seu corpo.gélida e neutra se contrariava ao líquido salgado e quente que impensadamente brotava dos olhos.Tremia,perdia o ar.Mas não era ruim.Isso momentaneamente a fazia esquecer o mundo,todo o mundo,a não ser por si mesma.Não,ela esquecia todo o mundo,ela não era desse mundo,ela não pertencia a ele.ela não pertencia a nada,nem a ela.
retirando os vestígios do resto de mundo que grudava,expulsando-os de dentro.não sabia bem porquê o fazia,mas aquilo era bom e trazia meios sorrisos aos lábios rubros e molhados.
ela decidiu mesclar-se à água,e sentia-se escorrer e esvair,pelo ralo,sentia o frescor,o molhado,o vazio.sentia-se bem.
se esvaindo,aos poucos perdeu o controle de si,não sentia mais seu corpo,não sentia mais ela.não sentia mais nada,além do frescor.ela não sentia mais um vazio.ela era o vazio.ela era o nada.ela deixou de existir...

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