quinta-feira, 15 de março de 2012

efêmero.

    -Respirar fundo! - este foi o primeiro e quase instintivo pensamento que lhe veio a cabeça após perder o fôlego, e com ele os pensamentos (e o não admitido coração). Recobrando a consciência do resto do mundo e de si mesma, voltou a escutar a música que tocava aos seus ouvidos e não fora notada durante aquele breve/intenso segundo (?) - ao menos lhe pareceu um segundo, eterno.
    E quando voltava a si , seus pensamentos a traíram e foram de encontro ao coração.Bastou recordar aquele olhar ( por outras vezes o sorriso, a voz, o rosto ...) para não ter mais controle sobre seu olhar cintilante e a incessante batida mais forte que o habitual.
   Sabia que sintomas eram esses , sabia a doença que tinha. E odiava a si mesma por não se prevenir de forma eficaz. - Ora, como posso estar sentindo isso?! Nunca quis,procurei ou sequer permiti! - pensava,culpando a si. Até que sua raiva daqueles sintomas a dominou, e a culpa passou a variar de alvo, sobrando para todos e qualquer um que aparentemente demonstrasse estar... naquele estado.
   Por que aquilo a controlava?! Por que tão bom, tão lindo e tão feliz? Não! Aquilo não era saudável. Aquilo ia doer, ela sabia , ela via a dor dos outros. Que imensa completude e sorrisinhos eram aqueles que a invadiram? Afinal,eles surgem de dentro ou vêm de fora? Por onde chegou? Ela não viu. Perdeu a si mesma e ao resto do mundo sem ter porquê, sem poder pensar em dizer não. E agora? Que faria?
   Levantando ainda em choque de sua cadeira, se encaminha para a porta, desce as escadas e vai. Para onde, não importava, pois ia com o seu inesperado guardado dentro de si,e pela primeira vez pronunciou a tão indesejada - por ela- frase: sinto que estou apaixonada.

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