segunda-feira, 31 de outubro de 2011

sonhando acordada


meus olhos se abriram.
lá fora,tudo era cinza e molhado.
e enquanto admirava todos aqueles cinzas e brancos
-antes que eu pudesse levantar-todas aquelas palavras,
a entonação com que elas eram ditas,
os sorrisos por trás delas,
a leveza transpassada em seu falar.
e tudo fluía tão natural e calmamente,
como se a cumplicidade estivesse ali há anos.
ela não tinha nem um.

o sorriso no olhar não visto,
era sentido.
a incessante e crescente sensação inebriante
de felicidade transmitida por aquela voz,
aquelas palavras,
aquela conversa.
era tudo tão certo . encaixava-se perfeitamente.
nada parecia mais certo que aquilo.
não havia poucos minutos que cessaram,
havia horas.
Ainda assim , cada palavra era relembrada,
era ouvida em sua encantada mente,
e ainda causavam todo o constrangimento,
sorrisos inotados,
tão inigualável momento,
trazia consigo a sensação de ser completo.
como se fosse real.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

celeste (cont.de uma nota,uma cortina,um olhar)

. . .-Já que indelicadamente a acordei,faço questão de oferecer-lhe ao menos um café da manhã. já estava indo preparar o meu.entre por favor. - e aponta para a direção onde ela devia seguir.
 Ela não conseguia pensar muito ainda, mas respondeu : Tudo bem. Obrigada.
Ela passou a observar melhor o ambiente em que estava. Era um lugar extremamente claro. Tudo ao seu redor era pálido e muito iluminado.
Ela reparou que o lindo piano de onde saía a inebriante melodia, era um piano de cauda, branco e reluzente. Tudo era branco, ou extremamente claro. Desde as extensas janelas que se espalhavam tomando quase toda a parede lateral direita e parte da parede ao lado. O sofá, onde se sentou, assim como as janelas, era grandioso, alvo e iluminado. Havia a sua frente uma pequena mesa-de-centro, apenas portando um singelo vaso com genistras (naturalmente,eram brancas). Nas duas prateleiras e no pequeno móvel ao lado delas, estavam alguns livros e um aparelho de som ( antiquado o suficiente para possuir um toca-discos ) charmoso, como costumavam ser os mais antigos. Não possuía t.v. ou qualquer tipo de aparelho que não fosse o toca-discos. Era um lugar incrivelmente obsoleto, calmo e pacífico. Jamais viu nada como aquele cômodo.
-Prontinho, aqui está nosso café. - diz ele pondo sobre a pequena mesa à frente deles uma bandeja inacreditavelmente com sucos de morango, pessegos frescos e algumas torradas com peito de peru ( exatamente o café da manhã que sua mãe costumava lhe preparar . será que ele algum dia reparou? pensou ela tentando entender. )
-Está asustada com algo? Me desculpe, não gosta deste café?-
Ela atônita apenas acena que não e se põe a comer. Ele sorri despreocupado então.
-Não me apresentei ainda, me desculpe. Sou Benjamin.- e um belo sorriso a estonteou novamente.
Minutos depois de ter recobrado seu normal, disse : Prazer em conhecê-lo. Sou Meg.
De repente ele se levanta, pede licença a ela e se põe a tocar.
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Sentado a poucos metros de mim. Eu mal o reparo. Senão pelo fato de seu rubor repentino a cada vez que seu olhar cruzava com o meu sem querer.
Ouço uma melodia, olho para o lado e vejo. Seus dedos suavemente tocam as brancas teclas, por vezes as pretas, formando sons que despertam não só minha atenção como um sentimento indescritível. Aquela linda melodia entranhou em minha mente, disparou meu coração e me fez perder o ar em questão de segundos.
aquele rosto, aquela pele pálida que reluzia como seu ambiente. Era magnífico,estonteante? Sim, mas era mais. Era celestial.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

você

vozes vindas da tv,o ronco de uma moto,o barulho da chave, e à meia luz,os livros em cima da bancada.as letras se embaralhavam em minha mente.eu lia mas não via.e o que me incomodava não era o cachorro que latia,nem a tv,nem nada do lado de fora.o que me embaralhava as letras,era o nó na garganta,era o grande aperto que meu coração sofria naquele momento,era aquele pensamento.dizia pra mim mesma que era cansaço,que precisava dormir,tentei faze-lo,mas o aperto,o arfar,as voltas que minha mente dava não me permitiam.
voltei para a escrivaninha,olhei de novo para as letras embaralhadas,me esforcei.abri um vão em minha mente,e consegui.finalmente li um paragrafo,ou seria uma frase?não sei.o vão aberto em minha mente logo se fechou e não consegui mais me focar naquilo.depois de alguns minutos,ou horas(?),eu cansei das tentativas,decidi ouvir os ruídos da tv mais de perto.quando dei por mim,os pensamentos estavam todos ali,novamente,acompanhando cada olhar apaixonadodos mocinhos,cada demonstração de desejo entre os vilões.cada abraço entre os amigos,cada dia bonito que aparecia,cada sonho que eu tinha...quando dei por mim,meus olhos se abriam,a cortina abrandava o sol matinal.e mais uma vez,acordei(eu durmi?eu não vi).e voltou.o aperto,a não concentração,o arfar,o pensar completa e somente...em você.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

vazio

a lua brilhava pálida e intensamente sobre a calma água.o céu,extremamente escuro com seus pontos luminosos que quase sumiam perto do brilho da lua.aquela lua que jamais vira brilhar tanto quanto naquela gélida noite.ela tremia,mas não conseguia sair dali e parar de admirar a noite,e o brilho da lua.de repente olhou para si,tão pálida e tão sozinha quanto a lua.todos aqueles intensos raios da lua,que não pertenciam a ela.o que mais admirava na lua não era só dela.ela precisava de outro para brilhar daquela forma.e naquela noite gélida notou,então,pálida e só ,que ela não  possuía o(um) sol...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

uma nota,uma cortina,um olhar.

aquilo que entra nos ouvidos, que ultrapassa os tímpanos, que está entre um dó e um fá cometidos por um piano. aquilo que entra com as lindas notas é intenso. esvaindo de si e deixando o som penetrar em todo seu ser. aquele som penetra e preenche os vazios que foram deixados dentro. Preenchendo até mesmo seu coração que agora bate calmamente, acompanhando o estado em que sua mente e todo o resto de seu ser começavam a se encontrar devido àquilo. com um grande arfar e de olhos fechados, a sensação era de estar voando, de não haver mais nada abaixo ou nenhum peso sobre ou dentro de si. seguindo apenas a claridade que penetra seus olhos fechados e o som,

abre a cortina e seus olhos; se depara com um azul amarelado de início de manhã. aquele inebriante som que invadiu até o fundo de sua alma a faz segui-lo. instantaneamente veste a primeira peça que encontra na frente. um esvoaçante vestido branco separado para a noite. nada condizente com a situação porém tão magnífico quanto aquele som, ele era tão meigo quanto aqueles brilhantes olhos inebriados de notas musicais. ao ultrapassar a porta e seguir o som, percebe que ele vem da casa ao lado de uma janela entreaberta ao lado da porta. espia por ela mas a cortina não lhe permite ver muito além de habilidosas mãos em um lindo piano preto. uma brisa afasta a cortina e ela não percebe,pois não consegue levantar seus olhos que miravam aquelas mãos. de repente ela percebe que as mãos pararam de tocar. não enxergou mais devido a ebranquiçada cortina. esperando que fosse apenas uma pausa e que pudesse voltar a ouvir aquela linda canção manteve-se ali, debruçada na janela, escondida pela cortina, tentando alcançar melhor as notas que chegaram até sua cama há poucos minutos. a mão tocou então a cortina e a afastou. foi aí que percebeu que as mãos haviam parado de tocar pois seu dono a notou. imediatamente dirigiu seus olhos para cima e encontrou brilhantes olhos azuis fixados nos dela, e ao descer seu olhar viu um constrangido sorriso que deu lugar a um 'perdoe-me,eu a acordei?'. inebriada agora por aqueles envolventes olhos azuis ela não consegue fazer mais do que retribuir ao sorriso...

escrito por :Ana Paula Santos Omar